Quem não gosta de passarinho, ainda não viu “João Jiló”.
Sob os olhos atentos de mais de uma centena de crianças e alguns adultos retrospectivos, o trio de atuadores do grupo TIA (Teatro Ideia Ação) mostrou que tira de letra o público para o qual se dirige - se isto ainda é possível!!! Esse tirar de letra dispõe de um vasto vocabulário no qual podemos citar a participação ativa (e não decorativa) do público como conceito chave. A exposição carregada de humor de uma situação corriqueira e naturalizada – a captura de um pássaro- é dramatizada para remeter-nos ao atual drama universal, a devastação ambiental.
O domínio de cena é admirável em Mariana, atriz do grupo que despertou atenção das crianças já às portas do Ferrinho. Marcelo se transforma de anarquista metido a piadista, em um João rústico e amargo, amargo que nem jiló. Gil - que não é o Gilberto mas manda bem - fica a cargo da viola e uma certa melancolia.
Sem medo das linguinhas afiadas e como é tradição em nossas trupes, a apresentação foi seguida de bate- papo cuja pauta predominante foi a barriga de balão do João, do João Jiló.
Depois de despedir-nos dos alunos da Escola Estadual Lions Club, com muito bolo de chocolate e já com saudade da tropinha, nos preparamos para receber também da cidade de Canoas, o grupo de capoeira Angola Brasil e a intervenção cênica “O menino chorou” de Valéria Benitez. Esta conhecida cantiga de capoeira ilustra o ato que Valéria expôs sacudindo em meio à poeira, ao som de atabaque, berimbau, caxixi e pandeiros, evocando junto a esta genuína arte brasileira o sofrimento e resistência, comandantes de bordo dos navios traficantes de negros cativos e escravizados de diversos países africanos até o Brasil. Como não poderia deixar de ser, após a emocionante apresentação, a roda de capoeira formou-se novamente e o ciclo se fechou com um samba de roda pegado.
Os capoeiristas suaram o abadá, mas o público não ficou por menos e também não teve descanso, a noite adentrou com o herdeiro Burgó e seu capataz discursando das altezas do Ferrinho ainda a céu aberto. Depois da passagem inebriante do jovem capitalista, o distanciamento cai como uma lâmina quando o “Diretor de figurantes” nos ordena a entrada já anunciando a influência da dramaturgia Brechtiana e da característica bem brasileira: a situação trágica mostrada de maneira cômica. “O Mercado do Gozo” nos seduz com a atraente estética de uma boemia europeizada, na qual perambula o herdeiro da poderosa fábrica, insaciável em seu vazio existencial. Mas sua fábrica e o bordel no qual passa o tempo não são meros panos de fundo de seu drama individual e sim a própria história a ser contada.
O ano de 1917 é quase sinônimo de Revolução Russa, mas esta não foi uma só e podemos citar claramente duas etapas, a de fevereiro -de caráter burguês- e a de outubro – proletária, mas o ano não foi apenas determinante para o resto do mundo, ele aconteceu em vários lugares do globo, inclusive em Porto Alegre sede de greve geral influenciada por dirigentes anarquistas e pela primeira etapa da revolução russa, mas principalmente pelas péssimas condições de trabalho, a falta de liberdade organizacional, os baixos salários.
O ano de 1917 é quase sinônimo de Revolução Russa, mas esta não foi uma só e podemos citar claramente duas etapas, a de fevereiro -de caráter burguês- e a de outubro – proletária, mas o ano não foi apenas determinante para o resto do mundo, ele aconteceu em vários lugares do globo, inclusive em Porto Alegre sede de greve geral influenciada por dirigentes anarquistas e pela primeira etapa da revolução russa, mas principalmente pelas péssimas condições de trabalho, a falta de liberdade organizacional, os baixos salários.
Hoje é a vez do Grupo Trilho, mas sou suspeita para escrever...
Beijo grande!
Ana Campo
Colaboradora do Grupo Trilho
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