O TRILHO SE MANIFESTA
multiplica por ser Teatro de Grupo, resultado da soma de seus vários pontos de
vista colaborativos e espontâneos,
no palco, na rua, em todo o lugar,
multiplica por ser popular, criando arte através da relação prática/reflexiva
coletiva com o cotidiano político-social,
multiplica, pois tudo é relação ampliada, borbulhada, discutida, analisada,
desestabilizada, redimensionada no encontro tão necessário entre
espectadores e atores,
pela arte transgressora e necessária,
como crianças brincantes, transgredindo a sociedade por meio da diversão e
da inocência,
como torcida apaixonada, estremecendo a arquibancada, coletivo unido pela
emoção do jogo, na vitória e na derrota,
através da pulsação do carnaval, das festas populares que fazem os corpos
suados serem guiados por uma só canção,
como um caldeirão popular servido e sorvido pelo Trilho.
NOS TRILHOS
a tragédia alheia ao vivo, no teatro em arena – respingando o suor na cara
atenta – proporcionando reflexão, diversão e constrangimento...
o trabalho criado através do cruzamento de ideias e ideais, de experiências,
que misturadas e ressignificadas se tornam um pensamento coletivo, formando
um fazer que é arte, mas também é política...
realizar um teatro que reflita de alguma maneira a nossa vida que se espelha
no teatro que se vê no dia a dia que se repete na cena...
o pensamento em movimento constante.
NAS ENGRANAGENS
nosso Trilho resiste, sem dono, sem patrão, sem direção...
discute e briga pela coletividade...
multiplica o teatro de relação, de epiderme, de olho no olho, próximo
ao espectador, em comunhão, da presença física, dos atores em cena
constantemente, fazedores de barulho, cantadores, apenas atores, apenas
personagens, apenas espectadores...
na palavra que vira cenário...
no lixo que vira luxo...
a ESTÉTICA DA CHINELAGEM para fazermos a diferença!
ESTAÇÃO FERRINHO
está na massa, nos moldes de teatro descentralizado e fusão com à massa...
no Grêmio que já foi Esportivo da Ferrovia, associação de seus trabalhadores,
mas que agora é sede de festas, reuniões, exposições, ensaios,
apresentações, trocas, conversas, galetos, cachorros, brechós e tudo o que de
mais popular e multiplicador possa ter na massa...
que venha o centralizado para o descentralizado,
que vá o descentralizado para o centralizado,
que se desestabilize o centro, o foco, a direção,
que sejamos levados aonde for necessário,
que seja descentralizado para ser partilhado...
Nossa Estação Descentralizada Grêmio Esportivo e Cultural Ferrinho.
O TRILHO QUER
que o espectador possa fruir o trabalho estético e também o trabalho
intelectual,
que ele saia do espetáculo afetado em todos os seus sentidos,
que sua percepção de mundo e de realidade tenha sido desestabilizada no
bom e no mau sentido,
que ele esteja tão presente e tão vivo que nos afete, nos desestabilize,
que o teatro seja uma forma eficaz de se compartilhar a educação em plena
fruição,
criar o terreno da pergunta, não da resposta. Não temos a resposta, temos a
dúvida! Queremos a liberdade, a poesia da dúvida.